/História

A Coppe nasceu em março de 1963, com o nome de Curso de Mestrado em Engenharia Química da Universidade do Brasil, a antiga denominação da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Criado pela iniciativa e determinação do professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, com o apoio de alguns colegas pioneiros, o curso, em algumas décadas, deu origem à maior instituição de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. 

 

Engenheiro químico e docente da Escola Nacional de Química, Coimbra era um insatisfeito com a qualidade dos cursos de graduação em Engenharia existentes no Brasil. Dizia que, para atender às necessidades de expansão das indústrias e de desenvolvimento do país, faltavam tecnologia e métodos de projeto. Segundo ele, era preciso aliar os princípios científicos básicos da matemática, da física e da química ao espírito prático dos engenheiros, de modo a que praticassem uma verdadeira ciência da engenharia. Do contrário, os brasileiros estariam para sempre condenados a importar tecnologia – cada vez em maior escala e nem sempre adequada às nossas necessidades específicas.

 

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A segunda década de vida da Coppe foi marcada pela grande crise que resultou na saída de seu fundador, Alberto Luiz Galvão Coimbra, em 1973. Era o auge da ditadura militar. Conflitos e disputas internas de poder encontravam, no clima nacional de medo e delação, um ambiente favorável a ameaças e denúncias que extrapolavam as fronteiras da universidade e iam bater às portas dos órgãos de segurança do regime.

 

O traumático afastamento de Coimbra pôs em risco a própria sobrevivência da Coppe. Por algum tempo, temia-se que a instituição fosse dissolvida dentro da universidade, com seus cursos entregues a diferentes departamentos das Escolas de Química e de Engenharia. Professores acusados de serem lenientes com alunos suspeitos de envolvimento em atividades políticas foram demitidos; outros, desencantados, pediram demissão.

 

Mas as sementes plantadas por Coimbra resistiram. Os princípios que ele transmitira a docentes e discípulos, de compromisso com a excelência acadêmica e com o interesse maior da sociedade brasileira, foram mais fortes. A Coppe não apenas sobreviveu como experimentou, nos anos seguintes, uma grande mudança de patamar na sua produção acadêmica, o que lhe permitiria, mais tarde, consolidar sua posição como produtora de conhecimento e tecnologia para o país.

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Foram tempos difíceis. De um lado, vivia-se a turbulência dos embates, rearranjos políticos e lutas pela redemocratização do país.  De outro, as dificuldades econômicas que marcaram a chamada “década perdida” do Brasil.

 

Às voltas com um quadro de inflação alta, pesada dependência de petróleo importado e explosão dos juros da dívida externa, o governo federal abandonou gradativamente o papel de indutor do desenvolvimento científico e tecnológico. É verdade que o sistema de apoio à ciência e tecnologia montado no regime militar foi até enriquecido com a criação, logo no primeiro governo civil, do Ministério da Ciência e Tecnologia, em 1985. Mas, na prática, as verbas para o setor minguavam.

 

Na busca de recursos, a Coppe teve de colocar, com mais ênfase, seu trabalho a serviço das demandas das empresas e órgãos de governo e aprender a fazê-lo sem comprometer a postura de independência e rigor acadêmico. A prática das novas liberdades democráticas, que incluíam a escolha de dirigentes pelo voto direto, também foi um árduo aprendizado.

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A despeito da escassez de verbas federais para pesquisa, que se prolongou pelos primeiros cinco anos, a década de 1990 terminou marcada por duas grandes conquistas.

 

A primeira foi a consolidação da abertura da Coppe para as demandas econômicas e sociais, que passaram a permear parte das teses produzidas. Estas, por sua vez, davam sustentação acadêmica ao crescente envolvimento da instituição na discussão de temas polêmicos, de interesse da sociedade – quase sempre tendo governantes e técnicos do governo do outro lado da mesa de debate.

 

Os assuntos abordados iam desde questões pontuais até a estratégia de privatizações do governo federal e os riscos de crise na geração e transmissão de energia elétrica, que culminou no “apagão” nacional por falhas no planejamento energético. A Coppe ganhou visibilidade fora dos círculos acadêmicos. Tornou-se mais conhecida em âmbito nacional e reconhecida pela sociedade.

 

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Se, na década anterior, a Coppe aprofundou sua inserção e ganhou mais visibilidade na sociedade brasileira, nos anos 2000 a instituição ampliou seu processo de internacionalização, com um mergulho nos principais temas e dilemas do mundo globalizado – principalmente os desafios representados pelo crescimento da demanda global de energia e o agravamento da crise ambiental, com a intensificação das mudanças do clima.

 

Os primeiros dez anos do século XXI foram marcados, na Coppe, pelo início da operação de diversos laboratórios de grande porte, similares aos das mais importantes instituições de pesquisa europeias e norte-americanas, e pela atuação de seus pesquisadores em órgãos nacionais e internacionais de formulação de políticas, como o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC/ONU).

 

Também ajudou a promover uma articulação entre governo, empresas e órgãos da sociedade civil que viabilizou a construção de plataformas de petróleo no país, possibilitando a recuperação da indústria naval brasileira.

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