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/Revista do grupo Nature destaca participação de professores da Coppe entre autores do IPCC

A participação da Coppe/UFRJ e de seus professores como autores do quinto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 2014, foi destacada em artigo publicado na edição online da Nature Climate Change, do grupo Nature, a mais prestigiada publicação da área de ciências atmosféricas e mudanças climáticas do mundo. De acordo com o artigo “Patterns of authorship in the IPCC Working Group III report”, que mostra a representatividade global dos autores dos capítulos do Grupo de Trabalho III do relatório, a UFRJ, por meio da Coppe, se encontra na 16ª posição no ranking das 30 instituições mais representadas no relatório.


Os professores da Coppe Luiz Pinguelli Rosa e Roberto Schaeffer, do Programa de Planejamento Energético (PPE); Suzana Kahn Ribeiro e Marcio D’Agosto, do Programa de Engenharia de Transportes (PET) e a pesquisadora Maria Silvia Muylaert de Araujo, doutorada no PPE da Coppe, foram citados no artigo, que teve como foco os cientistas coautores do WG III no Relatório de Avaliação 5 do IPCC. Ao todo somam 273 pesquisadores coautores de pelo menos duas publicações científicas, além do próprio relatório do IPCC. O grupo abrange os autores-coordenadores: dois cientistas por capítulo; os autores-líderes, que geralmente são de dez a doze por capítulo; e os autores-revisores, responsáveis pelo acompanhamento das revisões requeridas, que são dois ou três por capítulo.


O artigo, divulgado em setembro de 2015, apresenta as instituições onde trabalham e se doutoraram os cientistas que atuaram como autores dos capítulos do mais recente relatório do IPCC. Nesse grupo, a UFRJ, por meio da Coppe, aparece na 16ª posição, entre as 30 instituições mais representadas no relatório, ficando à frente das universidades de Tóquio (17ª), de Londres (18ª), e de Princeton (23ª). A relação é encabeçada pelo Banco Mundial, que apesar de sediado em Washington, não é considerado pelo estudo uma instituição norte-americana, mas sim uma organização internacional. Em segundo lugar aparece a Universidade da Califórnia-Berkeley (Estados Unidos) e, na sequência, o International Institute for Applied Systems Analysis (Áustria) (3º); a Universidade de Harvard (4º); e a Universidade de Cambridge (5º). Como considera o local de trabalho atual ou passado, bem como o local de doutoramento dos autores, a lista reúne tanto universidades quanto organizações em geral.


Os autores do artigo, professores Esteve Corbera, da Universidade Autônoma de Barcelona; Laura Calvet-Mir, da Universidade Aberta da Catalunha; Hannah Hughes; e Matthew Paterson, da Universidade de Ottawa, analisaram o país de origem dos autores do Grupo de Trabalho III, dedicado à mitigação das mudanças climáticas, e os países onde esses cientistas se doutoraram e trabalharam ou trabalham atualmente. A proposta era verificar se a predominância de pesquisadores de uma determinada região poderia resultar em um desequilíbrio de visões entre os autores dos capítulos do relatório do IPCC, cuja intenção é produzir análises equilibradas e abrangentes o máximo possível. 


Baseado em uma métrica que levou em consideração o número de coautorias científicas entre os autores do relatório do IPCC, o artigo publicado na Nature Climate Change apresenta um quadro destacando os cientistas-autores com maior pontuação (colaboração científica), segundo a métrica adotada, dentro da rede de coautoria de artigos. A lista destaca o nome do professor da Coppe, Roberto Schaeffer. Colaborador do IPCC desde 1998, o professor do Programa de Planejamento Energético (PPE) aparece entre os cinco primeiros, de uma relação dos 20 autores de diferentes países com maior pontuação, do total de 273 autores do relatório.


“O artigo faz uma análise interessante e mostra o grau de colaboração e internacionalização dos autores, que formam, entre si, uma rede de contribuições, que resulta em uma vasta produção de artigos científicos. O trabalho mostra a boa inserção internacional dos autores da Coppe”, avalia o professor Roberto Schaeffer. Segundo ele, o artigo publicado na Nature Climate Change aponta que o Brasil tem um papel relevante no GT III do IPCC e que a Coppe se destaca entre as instituições dos autores brasileiros.


Equilíbrio entre os hemisférios Norte e Sul


O estudo mostra um equilíbrio entre os hemisférios Norte e Sul, quando trata do país de origem dos autores do IPCC. Segundo o professor Roberto Schaeffer, cerca de 43% dos autores do WG III são oriundos de países em desenvolvimento ou com economias em transição.


“Entretanto, a pesquisa mostra uma predominância dos Estados Unidos e do Reino Unido quando são levados em conta os países em que os autores se doutoraram, trabalharam ou trabalham atualmente”, explica Roberto Schaeffer. Fator que, de certa forma, pode moldar as visões e análises apresentadas pelos cientistas nos relatórios. Da lista das 30 instituições mais representadas no artigo, dez são dos Estados Unidos, oito do Reino Unido, oito são consideradas organizações internacionais, e as outras quatro estão localizadas no Brasil, na Itália, no Japão e no México.


“Há um domínio da visão dos representantes dos Estados Unidos, seguido da União Europeia. Depois, mas bem mais distante, vem o Japão”, avalia o diretor de Relações Institucionais da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa. “Existe uma predominância de cientistas de países industrializados, representados em maior número”, explica o professor Emilio La Rovere, do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe.


Pesquisadores da Coppe participam do IPCC desde o segundo relatório


Os pesquisadores da Coppe se dedicam ao estudo das questões relacionadas às mudanças climáticas ainda na década de 1980.  Com o IPCC, há um longo histórico de colaborações que iniciou em 1992, quando o professor Emilio La Rovere participou como autor-líder de um capítulo do GT III, no segundo relatório de avaliação, lançado três anos mais tarde. Desde então, o professor do PPE participou de todos os relatórios lançados pelo IPCC. Na sequência, o Painel começou a contar com a colaboração do professor Luiz Pinguelli Rosa, também do PPE.


Juntaram-se a eles, os professores Roberto Schaeffer (PPE); Suzana Kahn Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes (PET), que foi autora, revisora e coordenadora de capítulos e vice-presidente do GT III do IPCC entre 2010 e 2015, Marcio D’Agosto (PET) foi autor. Os professores Marcos Freitas (PPE) e Segen Estefen, do Programa de Engenharia Oceânica (Peno) contribuíram, no passado, com relatórios especiais do IPCC. Além dos relatórios de avaliação, o IPCC produz os chamados special reports voltados a temas específicos. Também participaram como autoras as pesquisadoras do PPE Maria Silvia Muylaert de Araujo e Carolina Dubeux, esta colaborando no GT II.


“Nos anos 80 as questões energéticas estavam cada vez mais relacionadas às questões ambientais”, recorda o professor Emílio La Rovere, explicando o interesse natural dos professores do PPE pelos assuntos ligados às mudanças climáticas.Mas foi na década seguinte que as contribuições foram intensificadas. “A realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) deu um forte impulso às ações do IPCC”, recorda o professor Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe, que na época coordenava o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, que promoveu um evento paralelo à Rio-92. “A partir dessa época foram criados grupos de cooperação Sul-Sul com a participação de representantes de instituições do Brasil e de países da Ásia e da África”, recorda Pinguelli. Foi criado, também, um grupo de trabalho reunindo professores e pesquisadores da Coppe, do Instituto de Economia da UFRJ, do Inpe, da USP e da Unicamp. Tudo isso contribuiu para estimular ainda mais o interesse pelo estudo das mudanças climáticas no Brasil.


A partir dos estudos realizados, os professores da Coppe passaram a receber constantemente convites do IPCC. A Coppe, por meio de seus pesquisadores, participou de todos os relatórios de avaliação, desde a segunda edição, lançada em 1995. Na sequência, vieram o terceiro relatório, de 2001, o quarto (2007), que recebeu o Prêmio Nobel da Paz (naquela edição divido com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore), e o mais recente, concluído em 2014.


“A Coppe tem uma tradição muito forte na área de energia e quando se fala em mudanças climáticas os dois grandes eixos são desmatamento e energia”, destaca a professora da Coppe, Suzana Kahn Ribeiro, que atualmente coordena o Fundo Verde da UFRJ e preside o Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.


Em paralelo à participação das instituições brasileiras no IPCC, o Brasil acompanhou o surgimento de fóruns e grupos dedicados à discussão das mudanças do clima. Entre eles estão o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), que desde 2004 está sediado na Coppe, e o Painel Nacional de Mudança do Clima (PNMC), criado em 2009. Foram criadas também áreas e secretarias dedicadas à questão no então Ministério da Ciência e Tecnologia e no Ministério do Meio Ambiente.


Outras instituições brasileiras, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Brasília (UnB), entre outras, também têm dado importantes contribuições para elaboração dos relatórios do IPCC, atuando no Grupo de Trabalho I, que estuda as bases das ciências físicas, e no Grupo de Trabalho II, que é dedicado ao estudo dos impactos ambientais, adaptação e vulnerabilidade.


Um novo ciclo de relatórios do IPCC deve se iniciar agora em 2016 ou 2017 e, provavelmente, a Coppe novamente deverá se fazer presente, pela participação de seus professores e pesquisadores, seja como autores-coordenadores, autores-líderes ou autores-revisores.

  • Publicado em - 11/04/2016