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/Professor da UFMG defende reflexão sobre o impacto social da IA, em debate na Coppe

O professor Virgílio Almeida, coordenador do Centro de Inovação em Inteligência Artificial para Saúde, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante o debate “Inteligência Artificial e seus reflexos na sociedade", realizado na Coppe/UFRJ, refletiu sobre os desafios políticos e sociais para a IA em países em desenvolvimento. “Precisamos trazer um olhar social para essa discussão. A Coppe, como centro de excelência, deve buscar entender o impacto social desses avanços tecnológicos em um país com tanta desigualdade social e força de trabalho predominantemente pouco qualificada", comentou o professor.


Na avaliação do professor, o avanço tecnológico chega às pessoas e tem impacto sobre a sociedade. Como exemplo, citou a utilização pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de um sistema de IA para agilizar a análise dos requerimentos pendentes. “A resposta padrão do órgão que julga recursos de aposentadoria passou a ser negativa para qualquer imprecisão na inserção de dados, resultando em 60% de recusa de recursos, atingindo sobretudo a população mais vulnerável. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), levaria 16 anos para zerar a fila de recursos ao INSS. Por isso, é essencial que algoritmos sejam validados de forma criteriosa, com seus resultados sendo submetidos à revisão humana pelo período necessário para se obter segurança de que não existem falhas detectáveis que possam trazer prejuízo a qualquer das partes”, citou.


Segundo Virgílio Almeida, o foco de suas pesquisas não é a Inteligência Artificial por si só, e sim os impactos que ela traz para a sociedade e como usá-la para entender esses impactos, e destacou o artigo Auditing Radicalization Pathways on YouTube, do qual foi um dos autores, e que foi considerado um dos 100 artigos mais influentes, de todas as áreas do conhecimento, em 2019.


“Nesse estudo foram pesquisados os canais de extrema-direita (alt-right) nos EUA e no centro (alt-lite).  Foram analisados 349 canais, 330 mil vídeos e 72 milhões de comentários. Mostrou como essas comunidades vão influenciando os jovens e os levando ao radicalismo, como vão se movendo do centro do espectro político em direção à extrema-direita. A ciência computacional pode ser um detector de problemas sociais, como discursos de ódio e discriminatórios”, explicou o professor do Departamento de Comunicação da UFMG.


“Os sistemas sociotécnicos são complexos, poderosos e se adaptam ao comportamento das pessoas. Ao olhar para trás, em seus 60 anos, é importante que a Coppe olhe para a frente também e reflita sobre os novos caminhos que a Ciência exige e considerar caminhos adicionais sem perder essa qualidade sólida da pesquisa científica, mas agregando um olhar social à discussão”, concluiu Virgílio.


Além do professor Virgílio Almeida, participaram como palestrantes do debate “Inteligência Artificial e seus reflexos na sociedade” a professora Marley Vellasco, vice-reitora para Assuntos Acadêmicos – Ensino e Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); o professor Alvaro Coutinho, do Programa de Engenharia Civil da Coppe, o professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP-São Carlos); e o senior manager for Energy & High Education Research da NVIDIA, Fernando Otávio Wehrs Pereira. O debate, realizado em 25 de maio, teve moderação do professor Guilherme Horta Travassos, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC) da Coppe.


O detalhamento das palestras do debate "Inteligência Artificial e seus reflexos na sociedade", parte da série "Agenda Coppe e Sociedade", está publicado de forma seriada no Planeta Coppe Notícias. 


O evento em sua íntegra também pode ser visto no canal da Coppe no YouTube, na playlist “Coppe 60 anos: série de debates Agenda Coppe e Sociedade”.


 

  • Publicado em - 01/06/2023