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/Pesquisadores da Coppe aproximam a descoberta da origem do derramamento de óleo nas praias do Nordeste

 

Pesquisadores da Coppe/UFRJ detectaram três subáreas, tornando mais próxima a identificação da origem do derramamento de óleo que afeta o litoral do Nordeste brasileiro, entre 350 e 600 quilômetros da costa dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Os resultados foram obtidos com o refinamento de dados a partir do cruzamento de um conjunto de informações e variáveis, como a profundidade marinha, que tornam ainda mais precisa a provável direção da origem. A pedido da Marinha, a investigação vem sendo realizada pelos pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe, sob a coordenação do professor Luiz Landau.

 

A equipe do Lamce conseguiu agrupar os dados para determinar a máxima probabilidade de origem do derramamento diante dos diversos cenários existentes. Segundo Carina Böck, pesquisadora do Lamce, “as maiores probabilidades apontam para três regiões. Com simulações a partir de 79 pontos, fizemos uma modelagem inversa para considerar as possíveis trajetórias, considerando, além da superfície, dois, cinco, oito e dez metros de profundidade. Esse tipo de resultado precisa ser analisado, em conjunto com outros, para determinar a origem do óleo”.

 

Dentre as subáreas de maior probabilidade, segundo as simulações numéricas realizadas no Lamce, seus pesquisadores destacam três regiões: uma localizada a aproximadamente 350 km da costa da Paraíba; outra localizada a aproximadamente 600 km da divisa entre Pernambuco e Alagoas, e uma terceira a aproximadamente 400 km da divisa entre Alagoas e Sergipe.

 

Segundo o professor colaborador da Coppe e professor do Instituto de Geociências (IGeo) da UFRJ, Luiz Paulo Assad, o objetivo do estudo é subsidiar ações investigativas para diminuir o esforço exploratório que apontam o local de início do incidente. As etapas seguintes preveem a realização de novas simulações utilizando a modelagem direta, confirmando se há convergência com os pontos registrados de contato do óleo com o litoral. As três subáreas foram definidas a partir da modelagem inversa, rastreando o óleo do litoral à provável origem. Agora, os pesquisadores iniciaram uma nova etapa, usando modelagem direta. “A modelagem para frente requer uma série de novas informações que a modelagem reversa não requer, como volume do óleo, por exemplo. Ela demora um pouco mais para ser realizada”, explicou Carina, ressaltando ainda que são consideradas condições hidrodinâmicas (correntes marinhas), meteorológica (vento) e profundidade.

 

Carina Böck revelou que ainda é cedo para determinar se o óleo chegará à região sudeste, mas condições hidrodinâmicas não descartam a possibilidade. Todavia, outros fatores como o tipo e o volume de óleo influenciam nesse desfecho. O professor Luiz Paulo Assad concorda que as condições meteorológicas e oceanográficas permitem dizer, sim, que o óleo pode chegar à região sudeste, mas diz que tal informação só pode ser feita, a partir do conhecimento do volume de óleo que ainda resta na coluna d’água.


Segundo Assad, o objetivo do estudo que determinou com mais precisão essas novas subáreas é subsidiar ações investigativas para diminuir o esforço exploratório que apontam a origem do derramamento. Segundo ele, ainda não se sabe a causa exata do derramamento, e hipóteses como a ocorrência de um naufrágio ou o transbordo mal sucedido de petróleo de um navio para outro ainda podem ser consideradas. Mas informações mais completas podem ajudar a cruzar os dados de localização, por exemplo, com as rotas de embarcações.

 

A possibilidade de existência de uma nova mancha de petróleo de 165 quilômetros quadrados próxima ao litoral baiano, que teria surgido no dia 28 de outubro, também está descartada pelos pesquisadores da Coppe. O Ibama, inclusive, liberou uma nota técnica informando que foram células de chuva que influenciaram a leitura dos sinais do radar.  Assad explica que alguns fatores meteorológicos ou a presença de microalgas influenciam as condições da superfície marinha, apresentando comportamento semelhante a manchas de óleo observadas em imagens de radar. Elas são chamadas de “falso positivo”, mas estão sendo monitoradas constantemente por órgãos governamentais, como Ibama e Marinha, e também pela equipe do Lamce, da Coppe.

  • Publicado em - 31/10/2019