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/Projeto de Letramento da Coppe realiza cerimônia de formatura de estudantes

Alírio de Oliveira, 57, servidor da UFRJ há 27 anos, trabalha como pintor no Instituto de Física. Interrompeu os estudos na quinta-série primária (atual 6° ano). Há mais de 40 anos sem estudar, aprendeu a ler nas aulas do Projeto Letramento de Jovens e Adultos, oferecido pela Coppe desde 2005. No último dia 9 de dezembro, Alírio era um dos 22 estudantes presentes no palco da cerimônia de formatura da turma de 2016, no auditório do Centro de Tecnologia da UFRJ.

 

“Este projeto nos faz acreditar que podemos alcançar a independência. É muito triste chegar a algum lugar e não saber ler. É humilhante. Hoje já consigo ler. Antes eu era prisioneiro de mim mesmo. Eu tinha vergonha de pedir informação na rua”, desabafou Alírio.

 

O projeto foi idealizado e criado pela Íris Guardatti da Assessoria de Desenvolvimento Social com apoio da professora Angela Uller, que quando assumiu a diretoria da Coppe se deparou com o contraste dentro da instituição. “No mesmo local onde trabalham pesquisadores e professores PhDs trabalham também funcionários analfabetos”, ressaltou a professora, que na época conversou com a funcionária da Coppe e pedagoga, Maria de Fátima Bacellar, que prontamente assumiu o projeto e começou a dar aulas para os trabalhadores terceirizados da Universidade. Angela relembra com emoção do sucesso da primeira turma. “Foi uma das coisas mais emocionantes para a gente, porque o projeto não é voltado apenas para alfabetizar pessoas, ele ajuda a resgatar a cidadania”, afirmou.

 

 

 

Maria, José e Alírio: sonhos erguidos sobre letras

 

Maria das Graças da Silva, 44, auxiliar de limpeza do Centro de Tecnologia, também aprendeu a ler há pouco tempo. 

Maria nunca tinha sido matriculada em uma escola.

“Eu tinha dificuldades em pegar ônibus, assinar meu nome e fazer compras no mercado, porque não conseguia ler os preços”.

 

José Severino, 46, auxiliar de limpeza do Centro de Tecnologia, colega de turma de Alírio e Maria, teve uma vida difícil em Sapé, interior da Paraíba, estudou até a antiga quarta-série primária (atual quinto ano). Após 35 anos, lia muito pouco e tinha dificuldades para escrever.

 

Alírio, Maria e Severino integraram o grupo de alunos que se formou em 2016. Na solenidade, Maria de Fátima recebeu uma placa de homenagem pelo trabalho que realizou como coordenadora e professora do projeto ao longo desses 10 anos.  Foi um de vários momentos de emoção que marcaram a solenidade, da qual participaram o diretor da Coppe, Edson Watanabe, a diretora de Assuntos Acadêmicos da Coppe, Claudia Werner, a coordenadora geral do projeto, Solange Regina Bergamine, pró-reitora de Extensão da UFRJ, Maria Malta e o superintendente de pessoal da UFRJ, Agnaldo Fernandes.

 

“Se nós chegamos nesses 11 anos de projeto é porque a gente acredita no poder de transformação da educação”, ressaltou Maria de Fátima.

 

Segundo o diretor da Coppe, a Educação nos propicia independência. “É através dela que fazemos um mundo melhor”, afirmou.  Para a pró-reitora de Extensão da UFRJ, Maria Malta, o projeto contribui para a efetivação do direito à educação e para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. “O acesso à Educação é um direito de todos em qualquer momento da vida”, disse. “Este evento é um resultado de um trabalho que envolve uma série de bolsistas, professores e técnicos da UFRJ que interagem fundamentalmente com aquelas pessoas que estão cheias de esperanças. É uma linda história”, completou.

 

“Esse trabalho é um processo de resistência de trabalhadores, o conhecimento nos oferece a possibilidade de compreender o que significa nossos direitos”, disse Rejane Gadelha, professora do Laboratório de Informática para Educação (LIPe/UFRJ), parceira do projeto.

 

O evento contou ainda com a apresentação do coral da Coppe e do grupo da Companhia Folclórica da UFRJ (foto abaixo), da Escola de Educação Física e Desportos.

 


Sobre o projeto


Criado em 2005, o Projeto de Letramento formou até o momento cerca de 200 alunos. O objetivo é alfabetizar funcionários da UFRJ que não tiveram a oportunidade de concluir o ensino fundamental e também proporcionar uma base mais sólida às pessoas afastadas por um longo período do ensino formal. A turma de 2016 está formando 22 alunos, com idades que variam de 25 a 75 anos.


O curso tem duração de três anos e é composto pelo nível básico, intermediário e avançado. Os professores são estudantes de graduação da UFRJ de diversas áreas do conhecimento. As aulas acontecem, de segunda à sexta-feira, das 15h às 16h30, no CT.


“É muito gratificante ver a felicidade deles quando conseguem ler. Esta formatura é um reconhecimento de todo o esforço e dedicação que eles tiveram durante o ano”, ressalta Bergamine, coordenadora geral do projeto.


O projeto conta com uma rede de parceiros. São eles: Decania do CT/UFRJ, Grêmio da Coppe, Amiga Digital, Laboratório de Informática para a Educação (Lipe/Poli/UFRJ), Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST/UFRJ) e Sistema de Alimentação da UFRJ.
 

 

 

 

 

 

 

  • Publicado em - 15/12/2016