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/Pesquisa constata que burocracia consome mais de 30% do tempo dos cientistas

Estudo realizado em 34 universidades federais mostra que um pesquisador gasta, em média, 33% do seu tempo resolvendo problemas burocráticos, ocasionando perdas significativas para a atividade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil. Realizado pelo Conselho Nacional das Fundações de Apoio às IFES e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), o levantamento mostra que excesso de burocracia encarece o custo da pesquisa e a torna lenta em uma área dinâmica e que enfrenta uma forte competitividade internacional. “Essa é uma corrida de Fórmula 1, e nessa corrida nós brasileiros vamos de fusquinha”, comparou o coordenador da pesquisa, Fernando Peregrino, presidente do Confies e diretor-executivo da Fundação Coppetec.

 

Intitulada “O que pensa o pesquisador brasileiro sobre a burocracia?”, a pesquisa ocorreu entre novembro e dezembro de 2016 e ouviu 301 coordenadores de projetos de pesquisa em 34 universidades federais, sediadas em 23 estados e no Distrito Federal. O estudo foi feito com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

 

Entre as atribuições burocráticas que tiram o tempo dos pesquisadores de suas atribuições afins estão compra de materiais, bens e insumos utilizados nos laboratórios das instituições federais de ensino superior (IFES) e de pesquisa científica e tecnológica. Peregrino diz que em cada universo de dez cientistas, os serviços burocráticos consomem o tempo de três pesquisadores. Com base na plataforma de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Peregrino conta que existem 188 mil pesquisadores em atividade no país, mas quase 60 mil são subtraídos devido ao excesso de burocracia.

 

Fernando Peregrino considera o resultado do estudo como preocupante porque 75% dos projetos são financiados pelo setor público. Ou seja, são regidos pelas regras de gestão burocrática do próprio governo. “Trata-se de um desperdício em um país que tem dez vezes menos pesquisadores por 100 mil habitantes em atividade, em comparação com a maioria das nações que alcançaram o desenvolvimento”, analisa.

 

Ainda de acordo com Peregrino, tradicionalmente, o plano de uma pesquisa inovadora sofre com as oscilações do mercado e com as inovações que aparecem pelo meio do caminho. “A gestão de um projeto de pesquisa é diferente de um projeto de construção de um imóvel, porque a pesquisa é inovação, sempre vai aparecer algo novo”, alerta.

 

Confira a matéria publicada pelo Jornal da Ciência, hoje, dia 27 de janeiro: Burocracia consome mais de 30% do tempo dos cientistas, constata pesquisa

 

  • Publicado em - 27/01/2017